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“Você vive em 2075. Seu corpo é monitorado desde antes do nascimento. Sistemas de saúde antecipam riscos, ajustam rotinas, corrigem desvios antes que eles se tornem problemas — e a cidade responde em tempo real. Transporte, energia, clima urbano, vigilância sanitária; tudo opera dentro de margens aceitáveis. Quase nada falha, e quando falha, é corrigido rápido demais para virar assunto. Esse mundo não surgiu por acaso.
Décadas atrás, descobriu-se que o corpo humano carregava algo além do esperado. Uma sequência genética rara, silenciosa na maioria das pessoas, associada a respostas biológicas extremas e imprevisíveis. Não era uma doença, não era exatamente uma mutação: era um potencial. Chamaram isso de Gene Eidon. Por um breve período, o mundo tentou entender. Depois, tentou explorar. O resultado foi um tempo de instabilidade profunda. Não uma guerra tradicional, mas uma sucessão de crises espalhadas: cidades afetadas, centros de pesquisa em colapso, corpos que reagiam de formas que ninguém conseguia prever ou conter. Nos registros oficiais, esse período ficou conhecido como O Umbral. Quando terminou, não houve vencedores. Apenas um consenso: aquilo não poderia se repetir. A resposta foi a VNE-9 — um supressor genético obrigatório, integrado aos sistemas de saúde globais e aplicado cedo demais para ser lembrado. A função era simples: impedir a ativação funcional do Gene Eidon. Desde então, manifestações anômalas, conhecidas como Vestígios, desapareceram dos registros. O risco foi considerado neutralizado. Um problema resolvido antes que pudesse voltar a existir. Você cresceu depois disso. Sem relatos diretos. Sem exemplos. Sem motivos para perguntar. É por isso que Nebelheim parece apenas... normal. Uma cidade pequena no sul da Alemanha, encaixada em um vale da Floresta Negra onde a névoa se forma todas as manhãs. O centro histórico é silencioso e bem cuidado. Os bairros modernos sobem pelas encostas, cercados por trilhas verdes e sensores ambientais. Tudo é limpo, organizado, previsível. Um modelo urbano, segundo qualquer relatório europeu. No alto das colinas fica o Instituto Kaltzman, renomado por seu domínio em saúde e biotecnologia. Uma universidade pública de prestígio. Bibliotecas cheias. Hospital escola e Laboratórios didáticos. Clubes estudantis, esportes, eventos culturais, festas sazonais. Para quem chega, o IKZ representa começo — independência, escolhas, futuro. Tudo em Nebelheim funciona. Isso não significa que esteja certo. E há a sensação constante de que tudo aqui funciona... porque precisa funcionar. Em VESTIGIUM, você interpreta pessoas comuns inseridas nesse cotidiano estável: estudantes. Vocês não são heróis. Não são escolhidos. Não deveriam estar no centro de nada. Até o momento em que algo não se comporta como deveria. Não o bastante para alarmes. Não o bastante para manchetes. E quando isso acontece, o sistema começa a rodar uma engrenagem antiga. Porque em Nebelheim, falhas não são perigosas. São inconvenientes." |